quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

HISTORIOGRAFIA SUL-MARANHENSE Artigo 1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Ainda no final do ano passado, pactuei com o Isnande Barros escrever uma série de artigos apresentando os principais livros que tratam do sul do Maranhão, a serem publicados semanalmente em seu blog. 
É uma tarefa que me dá a possibilidade de elencar e comentar uma vasta bibliografia com a qual tenho lidado nos últimos 25 anos, assim como de apresentar o que tenho publicado e republicado dessa vasta historiografia (sul-)maranhense.
Sem utilizar de grande rigor científico, dividirei essa bibliografia, para fins de abordagem,  em três conjuntos: a) obras de fontes primárias ou inaugurais; b) obras essenciais; c) obras basilares.
No primeiro grupo, incluo cinco obras – que poderia receber o acréscimo de três ou quatro, mas preferi ser sintético -- indispensáveis à compreensão do povoamento dos sertões maranhenses, seus aborígenes, os povoadores, o território e suas características geográficas, a matriz econômica, a conjuntura e os interesses políticos sobre o território, etc.
Farei comentário individualizado de cada uma dessas obras, em artigo específico, relatando o conteúdo, visão do autor e circunstâncias em que foram escritas. Cada obra, um artigo; um artigo por semana.
Por ordem cronológica, os cinco livros que chamo “inaugurais” da historiografia do sul do Maranhão são os seguintes:
1. Sebastião Gomes da Silva Berford. Roteiro e mapa da Viagem da cidade de São Luís do Maranhão até a Corte do Rio de Janeiro. 1810.
2. Francisco de Paula Ribeiro. [Três trabalhos publicados num só volume:] (a) Roteiro da viagem que fez o capitão Francisco de Paula Ribeiro às fronteiras da Capitania do Maranhão e da de Goiás no ano de 1815; (b) Descrição do território de Pastos Bons, nos sertões do Maranhão; (c) Memória sobre as nações gentias que presentemente habitam o continente do Maranhão. 1815/1819.
3. Cândido Mendes de Almeida. A Carolina ou a definitiva fixação de limites entre as províncias do Maranhão e de Goiás. 1852.
4. César A. Marques. Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão. 1876.
5. Carlota Carvalho. O Sertão. 1924.
É conveniente ressaltar que o  território maranhense ao qual se denominou “sertões maranhenses”, além de Caxias para as matas, Itapecuru acima, até  as margens do rio Tocantins, até a divisa com o Pará, era conhecido como os “pastos bons”. Pastos Bons era, ao mesmo tempo, a designição dada à primeira vila formada nos sertões maranhenses, nas primeiras décadas do século XVIII, e a denominação dessa vasta região mesopotâmica entre o Parnaíba e o Gurupi e, em sentido setentrional, até a região central maranhense, em que se localizam Grajaú e Barra do Corda. Essa não foi área de povoação litorânea, mas da epopeia de vaqueiros e criadores que a partir da Bahia, no século XVI, avançando pelas margens do rio São Francisco, escravizando e exterminando índios, ocupando terras e fundando fazendas, chegaram ao sul do Piauí e às margens do rio Parnaíba; atravessaram o Maranhão e ocuparam os vastos e ubérrimos “pastos bons”. É uma história que começa com algumas cabeças de gado que Tomé de Sousa trouxe da ilha do Cabo Verde e as doou ao jovem seu protegido Garcia d’Ávila, o futuro senhor da famosa Casa da Torre.
Na próxima semana, o artigo 2: A viagem de Berford
Adalberto Franklin é jornalista, editor, historiador e escritor imperatrizense.

2 comentários:

Adalberto Franklin disse...

Isnande, faltou o nome do autor.

Isnande Barros disse...

Devidamente corrigido, meu companheiro. Foi a pressa, precisava sair pra faculdade.
Abraço.