As cidades não são como as pessoas. Nós, à proporção que vão caindo as folhas do calendário, vamos perdendo o viço, a agilidade, a capacidade de responder aos impulsos do mundo e, por fim, nos vem a decrepitude e o desaparecimento. As cidades, não. Elas vão sempre se renovando, sempre se desenvolvendo, ficando mais ágeis, mais belas, para justamente atender aos impulsos do mundo e do seu tempo. E jamais desaparecem, a não ser que um desastre as engula, como em Pompéia. Mas ainda assim ficam os restos para os arqueólogos as remontarem.
É assim que penso nas cidades toda vez que vejo seus aniversários. Numa data de celebração do que elas já foram mas, fundamentalmente, de reflexão do que elas podem ser e, mais que isso, do que podemos fazer com elas, doravante, para que cresçam sempre e atendam às nossas exigências, como cidadãos, seus habitantes.
Imperatriz é uma cidade de surtos. Desde a sua fundação, um 1852, que ela vem apresentando surtos de desenvolvimento, de crescimento populacional, de produtividade. Foi assim em fins do século XIX. Foi assim também na virada da metade do século XX, quando começou a Belém-Brasília. E ainda assim na passagem para este nosso século, quando ela vem se transformando em um polo de prestação de serviços especializados, como saúde, educação, comercialização de produtos os mais variados, no varejo e no atacado. Da antiga povoação de Frei Manoel Procópio do Coração de Maria, lá se vão século e meio (e mais um tantinho) no desafio de nunca envelhecer, de estar sempre nova, de não perder o viço.
E aí a vemos se expandindo, alargando os limites geográficos com bairros novos; buscando o céu com as torres de concreto que se armam, cada dia mais altas; esquadrinhando os espaços com os quadriláteros de muros com cercas elétricas que são os condomínios fechados, mais ou menos luxuosos; ficando mais barulhenta e tumultuada com as buzinas de caminhões, carros, motos e bicicletas aos milhares; aumentando o seu ‘cast’ com profissionais (muito, pouco ou quase) qualificados; ficando mais e mais populosa e tumultuada, de dia e de noite; tornando-se cada dia mais um centro de convergência para os seus (mais ou menos) vizinhos, um ponto de referência, um obelisco, um totem, enfim.
Imperatriz se tornou uma senhora de meia idade. Hoje faz 158 anos. Agora é preciso pensar as formas de deixá-la mais jovem, serelepe, uma dama madura capaz de infundir seus encantos aos passantes, de satisfazer os desejos de quem fica e de nos fazer sonhar com uma permanência feliz.
MARCOS FÁBIO BELO MATOS
JORNALISTA E PROFESSOR DA UFMA – marcosfmatos@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário