sexta-feira, 15 de outubro de 2010

UM PROFESSOR, UM EXEMPLO

Dia desses encontrei um antigo professor. É um daqueles professores que nada de produtivo deixam para o futuro dos seus alunos. Um professor que me marcou, talvez mais do que todos os outros.
O professor... era o que de pior havia no meu curso. Não tinha o menor interesse pelo trabalho que desenvolvia em sala. Não fazia a menor questão de se atualizar – ministrava uma disciplina que, só depois vim a saber, era importantíssima para a minha formação profissional, mas que, orientada por ele, tornou-se inútil e odiosa. Não tinha a menor simpatia, antes fazia questão de arrastar uma fama de poucos amigos. Nunca foi respeitado, sempre foi temido. 
As aulas do professor... eram uma piada só: ele chegava, não trazia nada, ou quando muito um livro que para ele livro não era, porque nunca o abria, não usava o quadro, e ficava papeando com um ou outro aluno – os mais chegados, que lhe puxavam o saco.  Suas provas eram quase sempre produções de texto, que ele não corrigia e, no final, aprovava a todos.  
Sempre foi considerado por alunos e professores o peso-morto do curso. E não era referência para nada por lá.  Um dia ele se aposentou. Ninguém notou que ele tinha deixado a cátedra. Nem os flanelinhas, pois desconfio de que ele não lhes pagava pela vaga em frente ao prédio. 
Pois estou no banco e o avisto no caixa automático. Fui ao balcão e ele estava grampeando uns comprovantes de conta. “Posso usar o grampeador, senhor?”, pedi. Notei que sua mão tremia um pouco. Usei o grampeador, agradeci e saí. Ele ainda ficou lá, acho que demorou mais um tanto para fazer uma tarefa que me pareceu custosa. Hoje os caminhos da vida me trouxeram à docência. Sei que muitos alunos também, um dia, me encontrarão por aí, talvez operando, com vagareza, terminais inteligentes de bancos ultra-automatizados ou de supermercados high-tech. Não queria que eles me ignorassem, não queria que me tratassem como um estranho, que não demonstrassem por mim a menor afeição. Quero vê-los bem-sucedidos, felizes com suas escolhas, suas carreiras, talvez com um filhinho ou filhinha (de carne-e-osso) do lado. Quero que eles digam ao guri ou guria: “olha, esse moço foi meu professor...” com um brilho nos olhos. Quero sentir que eu, de alguma forma, fui importante na vida deles.
Quem diria! O meu professor, que nunca me ensinou nada que eu aproveitasse em sala de aula, me ensinou agora, tantos anos depois, uma lição importantíssima: não quero ser como ele. E isso já é muita coisa.

Marcos Fábio B. Matos – jornalista e professor
marcosfmatos@yahoo.com.br
SL, 16.09.04

4 comentários:

Fernando Cunha disse...

MEU CARO AMIGO, PARABÉNS POR ESTE DIA TÃO ESPECIAL.. PARABÉNS PROFESSOR ISNANDE, POR SUA DEDICAÇÃO À FORMAÇÃO DE UMA NOVA GERAÇÃO DE BRASILEIROS!!!!

Arnaldo Silva disse...

Ei! eu conheço esse professor.

Ou é o Professor Raimundo, vugo PIU-PIU da UEMA ou é o Professor Sergio Pivoto da UFMA

Anônimo disse...

Caro Isnande, esse é um texto que pode ser arquivado com os mais clássicos de um CRETINO. Dá pra enxergar a arrogância, egoismo e soberba do cara. A finalidade dele é simplesmente fazer a queimação do professor para em cima disso se endeusar. Se ele for bom, que os alunos deles façam isso. Mas o que ele fez, é coisa de CRETINO.

Luís Pacheco

Sidney Rodrigues disse...

meu Deus, me pareceu a descrição fiel da minha situação academica e a realidade que passei dentro da UFMA. Por conta de um professor odeio minha formatura e até hoje nao consigo trabalhar na area por conta deste senhor, pegeue asco da profissão. A ultima vez que tive na faculdade pra resolver um problema, ele (como sempre fez), dificultou as coisas, se mostrou ocupado demais pra me dar atenção, fez de conta que nem me conhecia e ainda esnobou, como faz quando cruzo com ele pelas ruas. Foi um atraso na minha vida. Até hoje continua nos quadros da UFMA. Parabens ao autor do texto, leu minha mente! E parabens aos professores...os que SÃO professores e se dedicam a isso!